O Piauí se destaca como um dos principais produtores de caju no Brasil, ocupando a segunda posição em área plantada com cajueiros. Com aproximadamente 74 mil hectares destinados à cultura do caju, o estado está atrás apenas do Ceará, que lidera com 270 mil hectares, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cajucultura no Piauí não se resume apenas à produção da castanha, que é o produto de maior valor agregado. O pedúnculo do caju, comumente conhecido como a "fruta", é amplamente utilizado na produção de sucos, doces e, especialmente, na cajuína. Esta bebida, tradicionalmente piauiense e com origens indígenas, é um símbolo da cultura nordestina e foi reconhecida em 2014 como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A cajuína é uma bebida não alcoólica, elaborada a partir do suco de caju clarificado e caramelizado. O processo de produção inclui a clarificação do suco, onde o tanino é removido, e o cozimento em banho-maria, resultando em uma bebida de cor âmbar, suave e adocicada. Este método tradicional é uma fonte de renda para milhares de famílias no estado, além de se destacar como um produto de grande relevância cultural, social e econômica.
Além da cajuína, o caju é transformado em doces, rapaduras e outros derivados, fortalecendo a agricultura familiar e contribuindo para o desenvolvimento sustentável das comunidades. Em regiões como Chapada Vale do Itaim e Vale do Guaribas, que representam cerca de 52% da área plantada no estado, a cajucultura é uma atividade agrícola predominantemente importante para a economia local.
De acordo com a Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), a ampliação de viveiros em diversas regiões do estado é uma das iniciativas que visa melhorar o desenvolvimento das mudas e, consequentemente, aumentar a produção. Por meio da distribuição de mudas de caju para organizações de agricultores familiares, cooperativas e associações, a SAF busca fortalecer a cadeia produtiva do caju no Piauí.
Histórias como a do agricultor José Augusto de Sousa, da comunidade Chapada da Baliza, em Jaicós, ilustram a importância dessa atividade. Ele e sua família dependem do caju para sua principal fonte de renda, produzindo desde o doce até a cajuína.
“Eu comecei a plantar caju em 2014, e desde então o cajucultura aqui é a nossa renda principal, eu , minha esposa, meus dois filhos cuidamos de toda produção, com o caju nós fazemos o doce, fazemos a rapadura, fazemos a cajuína. De maneira, que com essa variedade, fica mais fácil gerar mais lucros e sustentar minha família”, afirma José.
Fonte: Portal o Dia