A Defesa Civil do Estado do Piauí alertou para um agravamento significativo das condições climáticas a partir de agosto. O estado enfrentará um período crítico de altas temperaturas, baixa umidade e ausência de chuvas, fenômeno que vem sendo chamado de “B-R-O-BRÓ térmico”. A situação é considerada de risco elevado e deve se estender até, pelo menos, o início de outubro.
Em entrevista concedida à TV Cidade Verde na tarde desta terça-feira (29), o coordenador da Defesa Civil do Estado, professor Werton Costa, explicou que os sinais de anormalidade começaram ainda durante o período chuvoso, com registros inéditos de calor.
“Mesmo com chuvas, já vínhamos observando aumento nas temperaturas. Já cravamos até 5 °C acima da média em alguns pontos do estado. É uma situação de altíssimo risco, um cenário de emergência”, afirmou.
A falha no regime de chuvas de 2025 é apontada como o principal fator para esse desequilíbrio térmico. Em janeiro, algumas regiões chegaram a registrar temperaturas de 2 a 3 graus abaixo da média, graças à presença de nuvens e precipitações. No entanto, a partir de fevereiro, mês considerado o mais chuvoso da quadra invernosa, a chuva desapareceu, especialmente no sertão.
Com menos cobertura de nuvens, a entrada de radiação solar aumentou e o solo começou a aquecer mais rapidamente, intensificando o calor durante os meses seguintes.
“Fevereiro já cravou 1 e 2 graus acima da média, aí começou o período de estiagem. Março e abril seguiram com temperaturas de até 4 graus acima do normal, o que não é comum para o fim da quadra chuvosa. Esses meses não deveriam ser quentes, então mostra que estava anormal. Isso acelerou o que estamos chamando de B-R-O-BRÓ térmico”, explicou.
O fenômeno climático tem características típicas de regiões desérticas: sol forte, baixa umidade e pouca nebulosidade.
“É o que chamamos de condição de semiárido extremo. A população vai sentir calor mais cedo e por mais tempo. É o mês inteiro com radiação alta, umidade próxima de deserto e sensação térmica muito elevada”, acrescentou.
Previsões para os próximos meses
A previsão é que esse cenário se mantenha até o começo de outubro. Apenas na segunda quinzena desse mês é esperada alguma entrada de umidade, ainda assim restrita a algumas regiões do extremo sul do estado, como Santa Filomena, Parnaguá e Gilbués. Até lá, a Defesa Civil alerta que o estado permanecerá sob condições de alerta máximo.
Para mitigar os impactos do calor, a Defesa Civil anunciou a intensificação de medidas preventivas. A primeira delas é a integração entre órgãos do governo estadual, como as secretarias de Saúde, Meio Ambiente e o Corpo de Bombeiros. Protocolos emergenciais estão sendo finalizados e incluem monitoramento climático, campanhas educativas e testes com o sistema de alerta digital. A população também deve se preparar para a nova rotina climática.
“É fundamental que as pessoas entendam que o alerta não serve só para quando algo ruim já aconteceu. Ele serve para orientar mudanças de comportamento. É hora de se hidratar, evitar exposição ao sol e proteger os mais vulneráveis”, orientou.
A Defesa Civil conta com um sistema de alertas por SMS, WhatsApp e Telegram. Para se cadastrar, basta enviar o CEP por mensagem de texto para o número 40199.
“Estamos diante de um cenário grave, que exige responsabilidade coletiva. E os comunicadores são parceiros fundamentais para que a população esteja bem informada. A informação salva vidas”, concluiu.
Por Rayane Venancio
