CNBB diz ao lançar Campanha da Fraternidade 2018, que corrupção é violência.
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Publicado em 14/02/2018

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, nesta quarta-feira (14), a Campanha da Fraternidade 2018, com o tema Fraternidade e Superação da Violência. O documento aponta formas e tipos de violência no Brasil, dando destaque às praticadas contra os negros, os jovens e as mulheres. “Os grupos sociais vulneráveis são as maiores vítimas da violência”, disse o presidente da entidade, cardeal Sérgio da Rocha.

“A Igreja sempre tem alertado sobre a perda de direitos sociais. Não podemos admitir que os mais pobres arquem com sacrifícios maiores. Precisamos de políticas públicas para nos ajudar a superar e a assegurar os direitos fundamentais que as pessoas têm”, defendeu o cardeal.Durante o lançamento da campanha, o presidente da CNBB listou também como prática violenta, a corrupção. “A corrupção é uma forma de violência, e ela mata”, disse o cardeal. Segundo ele, “ao desviar recursos que deveriam ser usados em favor da população, os políticos acabam promovendo uma outra forma de violência contra o ser humano, a miséria”.“Queremos superar também formas de violência como as representadas pela miséria e pela falta de vida digna”, argumentou o religioso, que criticou também os políticos que vêm adotando em seu discurso o uso da violência como forma de combate à violência. Segundo o cardeal, a Igreja Católica vem atuando no sentido de esclarecer seus seguidores sobre o risco desse tipo de política. “É um equívoco achar que superaremos a violência, recorrendo a mais violência. [Nesse sentido,] a igreja está orientando os eleitores, ajudando-os a formar sua consciência e a identificar quais candidatos estão comprometidos com a paz”, disse.

Ainda pontuando as formas de violência, ele citou o uso das redes sociais, onde, segundo ele, identifica-se “um triste crescimento da agressividade”. O cardeal disse, ainda, que os meios de comunicação “são vitais para a superação da violência”. Ele, no entanto, criticou as programações violentas em busca de audiência. “Quanto mais filmes violentos assistirmos, mas violentos nós seremos”.A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, em declaração durante o lançamento da campanha, disse que a iniciativa dá a “tônica à imperativa mudança que se impõe, de que o irmão é um aliado”.“Precisamos caminhar de mãos dadas, e não de punhos cerrados. Essa é a melhor forma de lidarmos com essa campanha. Minha mãe dizia, quando eu era criança, que se tivesse algum problema era para eu procurar um adulto por perto. Hoje vejo mães e professores desconfiarem e temerem adultos que chegam próximo às escolas. Quem se aproxima pode ser inimigo. Estamos fazendo do outro não um irmão, mas um inimigo a se combater”, argumentou a magistrada.

O coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção à Violência e Redução dos Homicídios, deputado Alexandre Molón (Rede-RJ), disse que a campanha da CNBB aborda uma das grandes preocupações do país, em função do enorme número de homicídios aqui praticados. “Foram mais de 60 mil homicídios em 2017, e foram 61 mil em 2016. Se considerarmos que a bomba de Nagasaki [explodida no Japão pelos norte-americanos ao fim da 2ª Guerra Mundial] matou instantaneamente 80 mil [pessoas] podemos dizer que a cada ano morre, no Brasil, o equivalente a uma bomba de Nagasaki”, disse o deputado.

 Por RádioAgência

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