Escutar a voz de Deus
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Publicado em 16/03/2018

Dos seres vivos, certamente, nós somos os mais dotados, apesar de incompletos.

Diz a filosofia que esta “incompletude” não significa um “defeito de fábrica” mas um “lance genial” da nossa natureza humana, pois, nos permite plasticidade suficiente para nos adaptarmos em qualquer situação de vida no mundo.

A teologia amplia esta visão filosófica afirmando que nós somos obra de Deus, completos na essência, porque somos imagem e semelhança de Deus (nisso nada nos falta), mas inacabados por causa da nossa condição de peregrinos, da nossa necessidade de Deus, do nosso desejo de Deus, da nossa busca de Deus que, também, se expressa na busca de realização e de sentido no trabalho, nas amizades, na religião, na família, no estudo, no lazer…

Nós somos o grande milagre de Deus e, quem sabe, estamos longe de compreendermos o significado disso porque perdemos a habilidade ou, quem sabe, o hábito de escutar Deus, nosso Criador e Senhor.

Deus sempre fala a nós! Ele não omite a sua palavra. Antes, por sua palavra revelou seu plano de amor e vontade.

Deus é, todo Ele, palavra mas, infelizmente não somos todo escuta! Não somos bons de ouvidos. Precisamos nos corrigir e avançar na escuta, porque escutar é preciso; tanto na vida, quanto na fé escutar é preciso!

Quem não escuta, está perdido… sem rumo, sem direção, sem ponto de partida e chegada. Quem não escuta está morto e acabado.

Escutar Deus é uma necessidade que se nos impõe. Primeiro para nos entendermos como obra dele, naquilo que há de mais bonito e maravilhoso. Segundo, para entendermos qual é a sua vontade a nosso respeito, do início ao fim da vida.

A Sagrada Escritura tem sobejas referências sobre a necessidade de escutar a Deus e como isso repercute em valor para a nossa vida.

  • No shemàh (Dt 6,4-9)

“Ouça, Israel! Javé nosso Deus é o único Javé. Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força. Que estas palavras, que hoje eu lhe ordeno, estejam em seu coração. Você as inculcará em seus filhos, e delas falará sentado em sua casa e andando em seu caminho, estando deitado e de pé. Você também as amarrará em sua mão como sinal, e elas serão como faixa entre seus olhos. Você as escreverá nos batentes de sua casa e nas portas da cidade”.

  • No Batismo de Jesus (Mt 3,16-17)

“Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e pousando sobre ele. E do céu veio uma voz, dizendo: ‘Este é o meu Filho amado, que muito me agrada’.”

  • Na transfiguração (Lc 9,34-35)

“Quando ainda estava falando, desceu uma nuvem, e os encobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo quando entraram na nuvem. Mas, da nuvem saiu uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!’”

Escutar requer silêncio! E isso parece ser pedir demais para uma geração como a nossa: tão barulhenta. O silêncio, ao invés de sufocar ou impedir a palavra, dá espaço a ela e plenifica o seu poder: tanto a palavra de Deus para nós, como a nossa palavra para Deus e para os outros. Não falaremos por falar mas, porque no silêncio fomos inpirados, antes de mais nada, a ouvir. Só que ouve sabe falar!

Por isso, precisamos treinar nossos ouvidos porque temos dois. Dois ouvidos e uma boca, para ouvir mais e falar menos.

“Por isso, escutemos o que diz o Espírito Santo: ‘Hoje, se vocês ouvem a voz dele, não fiquem de coração endurecido como no dia da revolta, no dia da tentação no deserto’” (Hb 3,7-8).

 

Por:  Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

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